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Espaços Co-Living: Uma nova tendência

Nos últimos anos, sobretudo após a pandemia Covid19, tem-se assistido ao surgimento de novas tendências que estão a fomentar novos modelos de negócio. Aspetos como, por exemplo, a normalização do teletrabalho, o desenvolvimento de novas tecnologias e a introdução de inteligência artificial em vários processos têm estado a modificar os hábitos das populações em geral. À luz desta realidade, profissões em que o trabalhador pode exercer as suas funções à distância, independentemente da zona do planeta onde se encontre, têm-se afirmado de forma bastante expressiva, com consequências em vários domínios: alterações aos padrões de mobilidade urbana, aumento da procura de habitação em zonas mais periféricas, redução da sazonalidade nas estadias turísticas, aparecimento de novos conceitos tais como o de nómadas digitais, entre outros. Neste contexto, os critérios que definem a escolha de um local de residência ou de alojamento temporário também estão a mudar, sinalizando novas tendências no mercado de estabelecimentos de alojamento.

Com esta mudança de hábitos, começa a surgir uma maior procura por estabelecimentos de alojamento focados no Co-Living e no Co-Working, destinados à crescente comunidade de nómadas digitais, a profissionais que dedicam uma grande parte do seu tempo a viajar, que se encontram temporariamente deslocados das suas residências habituais ou que valorizam o networking gerado nestes tipos de espaços. No âmbito do Co-Living, vale a pena assinalar o universo das residências de estudantes onde as lacunas da oferta são ainda muito expressivas. De acordo com o 44º Marketbeat Portugal da Cushman & Wakefield, em 2024 o rácio cama por estudante deslocado situava-se nos 15%, com os operadores privados a deter cerca de 40% da oferta disponível. Trata-se de uma área que tanto atrai investidores privados como fomenta a alocação de investimento público (este último por via do Plano Nacional para o Alojamento do Ensino Superior e através do Plano de Recuperação e Resiliência).

O Co-Living representa, assim, uma excelente oportunidade para as empresas especializadas em alojamento turístico poderem diversificar as suas fontes de rendimento. Um exemplo paradigmático deste conceito é o The Social Hub Porto, inaugurado no início deste ano, o qual é um hotel de 4* com quartos de hotel, apartamentos, área de Co-working para 100 pessoas, espaços flexíveis para reuniões, auditório e restauração, baseado num “modelo de hospitalidade híbrida”. Face ao potencial do conceito, The Social Hub prevê abrir um outro espaço similar em Carcavelos. Na mesma linha de atuação, destacam-se as aberturas previstas do Nido Alta de Lisboa – Lote 12 pelo operador SmartStudios, o Xior Boavista pela University Hub e o Milestone Olaias. Também a rede DeHouse, que se tem destacado na gestão e dinamização de espaços dedicados a Co-working, começa a preparar-se para expandir a sua oferta ao conceito de Co-Living a partir de 2026, com arranque previsto na cidade do Porto. Adicionalmente ao que já foi referido, vale a pena assinalar que o conceito de Co-Living oferece a possibilidade de redesenho de edifícios subutilizados: espaços comerciais ou antigos edifícios estão a ser convertidos em espaços mistos, aumentando a oferta habitacional alternativa.

Noutros países, a aposta na combinação entre Co-Working e Co-Living tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos, como é o caso de Espanha, onde esta tendência tem-se consolidado como uma opção emergente para jovens profissionais, empreendedores, freelancers e viajantes de longa duração que procuram flexibilidade, experiência social e menor custo, funcionando como uma das respostas possíveis à crise de habitação que se vive no país. A falta de capacidade financeira dos mais jovens para adquirir habitação e os elevados valores praticados nos contratos de arrendamento têm forjado o aumento de estabelecimentos de alojamento em modelo Co-Living. No espaço de 5 anos, entre 2020 e 2025, passou-se de 2000 camas para mais de 20000, destacando-se o seu crescimento sobretudo em Madrid, Barcelona, Valência e Málaga.

Em conclusão, no setor do turismo, as sinergias inerentes aos conceitos de Co-Working e Co-Living podem ser soluções para atrair visitantes com novos perfis, oferecendo experiências locais mais imersivas e contribuindo para descentralizar o turismo, levando pessoas a zonas menos turísticas, mas com boa qualidade de vida e infraestruturas variadas. A oferta pode ser adaptada para estadias curtas, médias ou longas (o que amplia o público-alvo e permite uma maior rotatividade) e o modelo promove o uso eficiente dos espaços e recursos (ex: cozinhas, salas de estar, internet, limpeza), reduzindo o desperdício e alinhando-se com políticas sustentáveis e de regeneração urbana. 
 

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