
Turismo
Mundial 2030: desafios e oportunidades para o setor do Turismo em Portugal
A nomeação de Portugal como um dos países organizadores do Mundial de Futebol da FIFA 2030, a par com Espanha e Marrocos, representa uma oportunidade única para o robustecimento da economia nacional, estimando-se que terá um impacto de mais de 800 milhões de euros no PIB português e mobilizará cerca de 20 mil empregos representativos de 330 milhões de euros em salários. Após ter recebido o Euro 2004, a organização de um mundial de futebol é uma estreia para o país. Para o setor do Turismo, representa uma oportunidade única, mas não deixa de levantar uma série de desafios bastante significativos. À semelhança da Expo 98, do Euro 2004 e das Jornadas Mundiais da Juventude, é fundamental um planeamento estratégico para lidar com todas as adversidades decorrentes da organização de um evento internacional de tal magnitude.
O primeiro aspeto positivo e o mais evidente é o aumento da visibilidade do país a nível internacional, atraindo visitantes de diversas partes do mundo que vêm assistir aos jogos e aproveitam para conhecer as cidades, a cultura e disfrutar dos atrativos de que o país dispõe. Segundo um estudo promovido pela PwC Portugal para a Federação Portuguesa de Futebol, é previsível que Portugal receba 300 a 500 mil visitantes e que sejam gastos entre 500 milhões e 660 milhões de euros em atividades diversas, com benefícios intangíveis 8,5 vezes superiores ao investimento necessário para a realização do Mundial 2030. Inicialmente prevista a organização do evento com 48 seleções, a FIFA está a analisar uma proposta de alargamento a 64, fato que, caso se confirme, poderá aumentar as projeções de visitantes esperados. Tais retornos vão impactar positivamente tanto nas empresas de atividades turísticas, como em toda a cadeia de fornecimento dos serviços essenciais de apoio ao acolhimento das pessoas deslocadas das suas residências (atletas, mão-de-obra ligada aos eventos, visitantes, turistas diversos). A título de exemplo, o Euro 2004 e a Liga das Nações 2019 geraram resultados de 440 milhões e 150 milhões de euros respetivamente.
Com a promoção de campanhas de marketing relacionadas à gastronomia, aos vinhos, ao património cultural, entre outros, será um período excelente para robustecer a Marca Portugal. A criação de sinergias entre os eventos desportivos que vão ocorrer e os conceitos turísticos tradicionalmente associados ao país irão impulsionar as atividades turísticas em geral, sendo expetável que os apaixonados por futebol organizem as suas deslocações e estadias em torno das diversas atividades futebolísticas. Experiências como tours temáticos relacionados ao futebol, eventos culturais ao redor dos jogos, exibições de arte e espetáculos de música são apenas alguns exemplos desta realidade. Embora Lisboa e Porto sejam as cidades que mais visitantes irão receber (os três estádios portugueses que vão acolher jogos do Mundial2030 serão o Estádio da Luz, o Estádio José Alvalade, ambos em Lisboa, e o Estádio do Dragão, no Porto), regiões mais periféricas e menos visitadas podem e devem dinamizar atividades que atraiam os visitantes nos períodos em que não estejam a decorrer jogos, impulsionando regiões menos conhecidas e promovendo a coesão territorial.
Contudo, para uma maximização das oportunidades criadas pelo Mundial 2030, será necessário gerir diversos desafios. Preparar o país para receber o Mundial de Futebol requer investimentos consideráveis em infraestruturas. O país precisará garantir que existem quartos de hotel, transporte eficiente e serviços adequados para acomodar o aumento de visitantes. Para além da construção ou renovação de instalações desportivas, serão necessários investimentos em estradas, transportes públicos, aeroportos e alojamentos. Tais melhorias são extremamente relevantes para o sucesso do campeonato, mas a sua estruturação deve ser perspetivada como um investimento que, a longo prazo, servirá o bem-estar dos cidadãos portugueses. As regiões mais turísticas poderão enfrentar dificuldades de superlotação com elevada sazonalidade devido à concentração de turistas em torno dos jogos, pelo que a gestão dos fluxos turísticos será fundamental para evitar que a sobrecarga em determinados locais prejudique a experiência tanto dos visitantes quanto dos residentes.
Outros pontos desafiantes serão a pressão sobre a mão-de-obra, o aumento de preços, o impacto ambiental e possíveis conflitos de interesse local. Para dar resposta à procura crescente de turistas, haverá uma necessidade de aumento de mão-de-obra no setor do turismo, com consequente pressão no mercado de trabalho, especialmente na hotelaria, na restauração e nos transportes. Prevê-se que o custo de bens e serviços aumente durante o período do evento, pelo que a pressão sobre os preços poderá afetar negativamente a imagem de Portugal como destino acessível. O impacto ambiental poderá ser significativo, pelo que a implementação de soluções para reduzir a pegada de carbono, o desperdício e as repercussões das infraestruturas construídas deverá ser uma prioridade. Em termos de conflitos, irão ser exigidas mudanças temporárias ao quotidiano dos residentes, suscetíveis de potenciar tensões entre as comunidades locais e as autoridades responsáveis pela organização.
Em conclusão, a sustentabilidade, a gestão das infraestruturas e a capacitação da força de trabalho serão pontos cruciais para garantir que o setor do turismo conseguirá aproveitar as oportunidades com o mínimo de impactos negativos. Com planeamento estratégico e multidisciplinar, Portugal poderá aproveitar a visibilidade gerada pelo Mundial 2030 e criar um legado duradouro que beneficie o país muito depois do evento ter terminado.
Fontes:
World Winners 2024 – World Travel Awards; Óscares do turismo: Portugal traz mais 31 prémios para casa; Portugal volta a ser eleito Melhor Destino Turístico Europeu - XXIII Governo - República Portuguesa; Turismo de Portugal recebe galardão de Melhor Destino nos prémios Routes Europe 2025; Óbidos e Santa Cruz da Graciosa recebem prémio Best Tourism Villages 2024: Com mais 8 estrelas Michelin, Portugal reforça estatuto de Destino Gastronómico; Lisboa e Porto brilham como melhores destinos gastronómicos da Europa | Compete 2030; As melhores praias | www.visitportugal.com; Reservas Mundiais de Surf - Salve as Ondas; Portugal é o Melhor Destino de Golfe do Mundo - Expresso; Dunas Douradas Beach Club volta a ser distinguido nos World Travel Awards - Postal; O estudo do Impacto Económico do Golfe em Portugal, recentemente lançado pela Confederação do Turismo de Portugal e pelo CNIG Conselho Nacional da Industria do Golfe, vem reforçar a importância do sector do golfe na economia e sociedade portuguesa. - FPG - Institucional; Portugal eleito o Melhor Destino de Enoturismo do Mundo; Arte Equestre em Portugal declarada Património da Humanidade pela UNESCO; Dois portugueses entre os nomeados para os melhores museus europeus do ano - SIC Notícias

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