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Portugal: polo de Turismo Religioso e Peregrinações 

Portugal: polo de Turismo Religioso e Peregrinações

A proximidade do 13 de outubro — data emblemática das aparições de Fátima — é um convite à reflexão sobre o papel crescente de Portugal como destino de turismo religioso. Este segmento, que alia fé, cultura e património, está a ganhar novo fôlego com o apoio de fundos europeus, o reforço das infraestruturas e a diversificação das rotas espirituais. Com milhões de visitantes anuais, Portugal consolida-se como um hub de espiritualidade, com impacto direto na economia, no emprego e na coesão territorial. O turismo religioso é hoje reconhecido como um vetor estratégico para o crescimento económico assente em políticas de sustentabilidade. Além de gerar receitas e emprego, impulsiona a criação de novos mercados e a valorização de territórios menos visitados. A construção de percursos pedonais, a reabilitação de igrejas e mosteiros e a dinamização da restauração e alojamento local são apenas alguns dos efeitos positivos. Este segmento contribui ainda para a preservação do património e para a promoção de práticas turísticas mais conscientes e respeitadoras da identidade local.

Pela sua posição geográfica e pela diversidade de rotas e santuários, o país tem vindo a beneficiar de um impulso significativo graças ao apoio de programas europeus e nacionais como o FEDER, o Centro2030 e o Next Generation EU. Estes fundos estão a ser canalizados para o desenvolvimento de produtos turísticos religiosos, requalificação de património sacro, criação de rotas temáticas e formação profissional especializada. A região Centro, por exemplo, recebeu três milhões de euros para promover o turismo religioso e cultural, reforçando a atratividade de destinos como Fátima, Tomar ou Alcobaça. No Algarve, um projeto-piloto apoiado pelo CRESC Algarve 2020 está a valorizar o património religioso do interior, com impacto direto na economia local. A nível europeu, em termos gerais, têm ocorrido várias iniciativas de investimento em preservação do património religioso em Portugal, na Polónia e em Espanha.

Além dos investimentos realizados no domínio do turismo religioso em Portugal, outros fatores têm concorrido para o seu crescimento, com destaque para a criação de novas ligações aéreas, nomeadamente com os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Em 2025, a United Airlines lançou voos diretos de Newark para Faro e Funchal, facilitando o acesso de turistas norte-americanos a regiões menos exploradas. Por sua vez, os voos diretos entre Seul e Lisboa têm contribuído para o aumento expressivo de visitantes sul-coreanos, um mercado com forte motivação espiritual e cultural. Estes fluxos reforçam a internacionalização do turismo religioso português. Esta crescente conectividade aérea tem também estimulado a criação de pacotes turísticos temáticos, integrando visitas a santuários, património sacro e experiências culturais locais. É uma tendência que está a ser acompanhada por operadores turísticos e entidades regionais, que veem nestes mercados uma oportunidade estratégica de diversificação e valorização do território.

O Santuário de Fátima continua a afirmar-se como o principal polo de atração do turismo religioso em Portugal e um dos maiores centros de peregrinação do mundo. Em 2023, recebeu cerca de 7 milhões de visitantes, dos quais mais de 1,5 milhões eram estrangeiros, provenientes de mais de 100 países. Este fluxo representa cerca de 25% do total de turistas religiosos em Portugal, segundo dados do Turismo de Portugal. A sua importância vai muito além da dimensão espiritual: Fátima é um motor económico para a região Centro, gerando milhares de empregos diretos e indiretos nos setores da hotelaria, restauração, comércio e transportes. A cidade conta com mais de 130 unidades de alojamento e uma capacidade superior a 10 mil camas, sendo um dos destinos com maior taxa de ocupação anual. A crescente internacionalização do santuário, reforçada por eventos como os Workshops Internacionais de Turismo Religioso, posiciona Fátima como um símbolo da hospitalidade portuguesa e um ativo estratégico para a diplomacia cultural e espiritual do país.

Também o Caminho Português de Santiago tem vindo a destacar-se como uma das rotas de peregrinação mais dinâmicas da Península Ibérica, registando um crescimento acumulado de quase 90% nos últimos três anos. Em 2023, mais de 42 mil peregrinos percorreram o Caminho Português Central, tornando-o na segunda rota mais popular para chegar a Santiago de Compostela, logo após o Caminho Francês. Com percursos bem sinalizados — como o Caminho Central, da Costa e Interior — e uma rede crescente de albergues, alojamentos locais e serviços de apoio, o trajeto atrai tanto peregrinos nacionais como estrangeiros, oriundos de países como Espanha, Itália, Alemanha, Brasil e Coreia do Sul. A expectativa é que o número de caminhantes duplique nos próximos anos, impulsionado por campanhas de promoção internacional, melhorias nas infraestruturas e pela crescente procura por experiências espirituais e sustentáveis. O impacto positivo estende-se a cidades como Coimbra, Porto e Braga, mas também a localidades mais pequenas, que beneficiam da dinamização económica e cultural gerada pelo fluxo de peregrinos.

Para além de Fátima e dos Caminhos de Santiago, Portugal oferece uma vasta rede de locais de interesse religioso que têm vindo a atrair um número crescente de visitantes. A Rota dos Santuários Marianos, que inclui destinos como Sameiro (Braga), Lamego e Nazaré, regista anualmente centenas de milhares de peregrinos, muitos dos quais em romarias tradicionais. Em Braga, o Santuário do Bom Jesus do Monte, classificado como Património Mundial da UNESCO, recebeu mais de 1,2 milhões de visitantes em 2023, sendo um dos monumentos religiosos mais visitados do norte do país. Já a herança judaica tem ganho destaque, com a criação de roteiros em localidades como Belmonte, Trancoso e Castelo de Vide, que integram a Rede de Judiarias de Portugal e atraem turistas culturais e espirituais, sobretudo dos EUA, Israel e Brasil. Estes destinos contribuem para a diversificação da oferta e para a valorização de territórios do interior, reforçando o papel do turismo religioso como motor de coesão territorial e desenvolvimento económico sustentável.

Olhando para o turismo religioso em Portugal, verifica-se que enfrenta hoje um conjunto de desafios e oportunidades que exigem uma abordagem estratégica e integrada. Por um lado, a crescente procura por experiências espirituais autênticas abre espaço para a valorização de territórios menos visitados, como Tarouca, Moimenta da Beira ou Vila Viçosa, onde autarquias têm investido na criação de rotas e eventos religiosos que promovem o património local e dinamizam as economias regionais. Estas iniciativas, muitas vezes apoiadas por fundos europeus, contribuem para a descentralização do turismo e para a coesão territorial. Por outro lado, a profissionalização do setor continua a ser um desafio central. A qualificação de guias, agentes turísticos e operadores locais, através de programas de formação específicos, é essencial para garantir um acolhimento de qualidade e respeitador das especificidades do turismo religioso. A aposta na formação e na inovação, aliada à preservação do património e ao envolvimento das comunidades locais, representa uma oportunidade única para consolidar Portugal como destino de referência neste segmento, assegurando a sua sustentabilidade a longo prazo.

Conclui-se que o turismo religioso em Portugal é hoje muito mais do que uma expressão de fé — é uma ponte entre passado e futuro, entre espiritualidade e desenvolvimento. Num país onde o sagrado se entrelaça com a paisagem, os caminhos de peregrinação, os santuários e os roteiros históricos revelam-se como espaços de encontro, contemplação e descoberta. A diversidade de experiências, aliada ao envolvimento das comunidades e ao apoio de políticas públicas, tem permitido transformar este segmento num motor de valorização territorial e cultural. Os desafios que persistem — como a qualificação profissional, a preservação do património e a gestão sustentável dos fluxos turísticos — são também oportunidades para reforçar a autenticidade e a excelência da oferta. Portugal está preparado para continuar a acolher quem procura mais do que um destino: uma vivência, uma memória, uma inspiração. O turismo religioso é, assim, uma forma de caminhar: com propósito.

Fontes:

Caminhos da Fé – Turismo de PortugalPlataforma Caminhos da FéAmbitur – Turismo Religioso em PortugalPublituris – Workshops Internacionais de Turismo ReligiosoEstatísticas – Santuário de FátimaECO – Turismo do Centro com 3 milhões de euros para promoçãoGuia de Financiamento da UE para Turismo – Comissão EuropeiaFinanciamento para Património Cultural – CulturEUTravelBI by Turismo de Portugal - PortugalTurismo em Portugal alcança contributo histórico para o PIB | Compete 2030Tourism performancePágina oficial do Santuário de Fátima na internet regista 260.000 visitas mensaisCaminhos de Santiago | www.visitportugal.comCaminho Português de Santiago - Caminho Central | www.visitportugal.comPortuguese Way of St. James – Central Route | www.visitportugal.comProjeto-piloto de dinamização do turismo religioso no AlgarveVoos diretos para a Coreia do Sul podem impulsionar turismo religioso, espera a CTP - Negócios TV - Jornal de NegóciosTurismo religioso em Portugal os 10 melhores destinos – Feeling PortugalTurismo religioso traz cada vez mais visitantesIWRT: "O turismo religioso tem uma grande influência na economia regional e na criação de empregos" | AmbiturTurismo nacional em 2025: crescimento, desafios e estratégiasEnhancing Central Portugal's tourism: Centro2030's strategic funding opportunity | EU Tourism PlatformArte sacra andaluza recebe um impulso histórico com um investimento de 16 milhões de euros.(PDF) European Union Funding for Preservation of Religious Cultural Heritage in PolandProject - Fostering Interfaith Dialogue and Enhancing cross-border religious tourism- Area Brand 2.0Relatório Especial: Apoio da UE ao turismo

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