
economia e mercados
360 Economia e Mercados
Semanal
Publicação semanal com uma análise dos principais desenvolvimentos da conjuntura económica global, procurando explicar e antecipar os seus impactos nos mercados financeiros. Esta publicação apresenta também, de uma forma sistematizada, as expectativas e previsões do Research do novobanco para a economia global e para a economia portuguesa.
Maio
- Foco crescente dos mercados sobre os riscos de recessão. Empresas de retalho chamam a atenção para aumentos dos custos, abrandamento da procura, subida dos stocks e perda de rentabilidade.
- Fed reafirma intenção de subir juros até conter a inflação, mesmo com custos para a economia. Lagarde com discurso ligeiramente mais hawkish, alinha com o mercado e vê juros não negativos já no final do 3º trimestre.
- Indicadores sugerem desaceleração da actividade, com moderação do consumo. Recessão (em 2023?) é um risco.
- Forte volatilidade nos mercados, com receios sobre inflação, retirada de estímulos monetários e desaceleração ou queda da actividade. Bancos centrais (incluindo o BCE) cada vez mais focados na necessidade de subir juros.
- Vemos 3 cenários possíveis: bancos centrais dominam a inflação e a actividade desacelera; inflação é dominada, mas com recessão; inflação continua a subir, acompanhada de recessão. Os dois primeiros serão mais prováveis.
- Volatilidade deve manter-se elevada até haver mais visibilidade sobre trajectórias da inflação e dos juros.
- O Fed elevou os juros de referência em 50 bps, para 0.75%-1% e confirmou o início da redução do balanço a partir do início de Junho. O BoE subiu a bank rate em 25 bps, para 1% e alertou para os riscos de recessão.
- No BCE, ganha peso a facção favorável a uma elevação de taxas a partir de Julho. A perspectiva de juros mais altos, menos liquidez e menos crescimento global penaliza fortemente o mercado accionista e as commodities.
- Espera-se moderação futura da inflação. Dólar ganha como activo de refúgio e com subida de juros nos EUA.
- A conjuntura permanece marcada pelo confronto entre pressões inflacionistas e riscos de desaceleração ou queda da actividade. Vemos as atenções a centrarem-se cada vez mais nos riscos negativos para o crescimento.
- No 1º trimestre de 2022, o PIB desacelerou na Zona Euro e recuou (pontualmente) nos EUA. Indicadores já relativos ao Q2 sugerem abrandamento da actividade industrial nos EUA e contracção da indústria e dos serviços na China.
- Fed deverá acelerar retirada de estímulos monetários a partir desta semana, com subida de 50 bps nos juros.
Abril
- Vitória de Macron nas Presidenciais em França recebida com alívio nos mercados. Mas atenções centraram-se nos receios de desaceleração da economia da China e seus impactos globais. Risk-off nos mercados financeiros.
- Riscos inflacionistas acentuam a pressão sobre os bancos centrais no sentido de uma aceleração da retirada de estímulos monetários. Mercado antecipa e reforça expectativas de subidas dos juros nos EUA e Zona Euro.
- Foco tenderá a incidir cada vez mais sobre riscos negativos para o crescimento nas principais economias.
- Embora mantendo a sua política monetária inalterada, o BCE supreendeu, na última semana, com um tom menos hawkish que o esperado. Riscos negativos para o outlook justificam uma política data dependent.
- Fim das compras líquidas de activos do APP confirmadas para o 3º trimestre, mas o timing de uma primeira subida das taxas directoras ficou em aberto, contrariando expectativas de antecipação ou aceleração da retirada de estímulos.
- Nas eleições em França, Macron alarga ligeiramente a vantagem sobre Le Pen. Mas resultado ainda incerto.
- O mercado tem revisto fortemente em alta as expectativas de evolução dos juros na Zona Euro, antecipando uma subida de 70 bps nas taxas directoras até final do ano, com a Euribor 3m positiva a partir de Outubro.
- Mas o BCE tem que equilibrar duas preocupações: a subida da inflação, que aconselha uma política mais restritiva; e a desaceleração (ou queda) da actividade, que aconselharia uma postura expansionista.
- Nos EUA, o Fed continua a sinalizar uma aceleração na retirada de estímulos, pressionando os juros em alta.
- O outlook global para 2022 deixou de ser descrito pela expectativa de ajustamento entre as pressões da oferta e da procura no pós-pandemia e passou a ser marcado pela tensão entre pressões inflacionistas e recessivas.
- O risco de descontrolo da inflação força os bancos centrais a retirar estímulos. Mas as subidas de juros não controlam os preços das commodities e, se forem longe de mais, arriscam contribuir para uma recessão.
- Alguns factores mitigam este risco no curto prazo (poupanças mais elevadas, balanços mais saudáveis, etc.).