
economia e mercados
360 Economia e Mercados
Semanal
Publicação semanal com uma análise dos principais desenvolvimentos da conjuntura económica global, procurando explicar e antecipar os seus impactos nos mercados financeiros. Esta publicação apresenta também, de uma forma sistematizada, as expectativas e previsões do Research do novobanco para a economia global e para a economia portuguesa.
Maio
- Os indicadores recentes continuam a permitir uma leitura ambivalente da conjuntura económica mas, na sua maioria, sugerem uma actividade relativamente suportada no curto prazo e uma inflação core algo persistente.
- Na economia pós-Covid, muitos consumidores estarão a privilegiar a despesa em serviços (e.g. viagens, lazer). Isto justificará, em parte, a resiliência da conjuntura, mesmo com um arrefecimento da procura de bens.
- Este contexto sugere o risco de os juros de referência evoluírem em níveis mais elevados por mais tempo.
- Os indicadores recentes têm assumido um tom melhor que o esperado, levando a revisões em alta das previsões de crescimento para 2023. As taxas de desemprego mantêm-se contidas.
- A resiliência das economias observa-se apesar de subidas agressivas dos juros de referência. E traduz-se na percepção de uma inflação core mais persistente que o esperado. Mas as condições financeiras mais restritivas…
- …deverão fazer o seu efeito, pelo que continuamos a esperar uma desaceleração da actividade mais à frente.
- O Fed e o BCE elevaram as respectivas taxas directoras em 25 bps. Contudo, as mensagens passadas ao mercado sugerem a possibilidade de uma divergência na política monetária entre os dois bancos centrais.
- Com sinais de alívio da inflação e riscos para o crescimento, o Fed sinalizou uma pausa na subida de juros. Já o BCE vê como necessários novos aumentos até que os juros atinjam níveis “suficientemente restritivos”.
- Falta de acordo sobre o debt ceiling alimenta novos riscos para o outlook de curto prazo na economia dos EUA.
- Os indicadores recentes sugerem uma economia relativamente “aquecida” no curto prazo (com inflação core persistente), mas as expectativas de médio prazo continuam a apontar para um abrandamento da actividade.
- Os bancos centrais deverão privilegiar os riscos inflacionistas de curto prazo. Esta semana, o Fed e o BCE devem subir os juros de referência em 25 bps (no caso do BCE, não excluímos um movimento de 50 bps).
- O colapso do First Republic nos EUA gerou novos receios de contágio. Crédito tenderá a ficar mais restritivo.
Abril
- Esta semana, será conhecido o crescimento do PIB do 1Q’23 nos EUA e Zona Euro, esperando-se uma actividade económica resiliente, sobretudo nos serviços. A confiança dos consumidores tem melhorado nas duas economias.
- Este quadro favorece o prolongamento da subida dos juros pelos bancos centrais (sobretudo no caso do BCE).
- Mas a maioria dos indicadores continua a sugerir uma desaceleração da actividade, com risco (mas não certeza) de recessão moderada mais à frente. Condições financeiras deverão dar menos suporte ao crescimento.
- O sentimento dos investidores mostra-se resiliente. Os principais índices accionistas valorizaram no último mês; as yields do Treasury e Bund a 10 anos voltaram a subir em Abril; e os spreads de crédito mantêm-se contidos.
- Este relativo optimismo apoia-se no recuo da inflação, em alguns indicadores favoráveis (desemprego baixo, serviços em expansão) e na ideia de que as subidas de juros pelo Fed estarão próximas do fim.
- Mas mantemos a ideia de uma desaceleração (com riscos negativos) associada a condições financeiras restritivas.
- A estabilização do sector financeiro, bem como a expectativa de maior suporte (ou de uma postura mais benigna) da política monetária nos EUA, contribuíram recentemente para alguma propensão ao risco nos mercados.
- Mas vários indicadores parecem suportar o cenário de desaceleração da actividade económica (e.g. nos EUA, contracção na indústria, desaceleração nos serviços, sinais de menor dinamismo do mercado de trabalho).
- A chave para o outlook a curto e médio prazo será a evolução (mais restritividade?) das condições financeiras.
- Melhoria do sentimento nos mercados, com uma diminuição dos receios sobre o sector financeiro (e interrupção das saídas de depósitos dos bancos pequenos nos EUA). Mas esperam-se condições financeiras mais restritivas.
- A inflação da Zona Euro recuou mais que o esperado em Março (via energia). Inflação core mais persistente.
- A OPEP+ anunciou inesperadamente um corte de 1.15 mb/d na produção de crude, com o objectivo de “estabilizar o mercado”. Preço do petróleo deverá subir em 2023. Esperam-se impactos contidos, mas riscos negativos sobem.